A estátua intacta de uma santa foi encontrada por mergulhadores no fundo do mar, na reserva biológica da Ilha do Arvoredo, em Florianópolis. A imagem de 40 centímetros está entre duas pedras grandes a 6,5 metros de profundidade e a 17 quilômetros da costa da ilha – ponto estratégico para mergulhadores experientes.
Nas escolas de mergulho de Florianópolis, ninguém tem uma pista que leve às respostas. Tudo que a fotógrafa subaquática Cibele Sanches sabe dizer é que em março deste ano alguns mergulhadores começaram a voltar do passeio contando a surpresa.
“Eu não sei dizer como ela apareceu ali, porque ninguém sabe ou quem sabe não conta. Deve ter alguma questão religiosa, porque não deve ter sido uma coisa fácil, não caiu de uma embarcação, ela está bem colocada num ponto estratégico”, conta Cibele.
Na base da imagem, uma minúscula placa dourada traz a inscrição “Sagrado Coração de Maria” e a marca do fabricante. Os vendedores da empresa, com escritório em São Paulo que importa produtos religiosos da China, também não têm pistas sobre o comprador.
Tem quem fale em promessa, mas se for mesmo uma manifestação de fé, ela pode ser considerada poluição ambiental. A Ilha do Arvoredo é uma das duas únicas reservas marinhas biológicas do Brasil e desde que o decreto foi assinado pelo então presidente José Sarney, na década de 1990, todo o ambiente deve permanecer intocado.
O ponto onde a imagem foi fixada está fora da unidade de conservação permanente, mesmo assim, o chefe do ICMBio, Ricardo Castelli Vieira, afirma que para colocar qualquer tipo de material no fundo do mar é preciso autorização da Marinha do Brasil.
“O ICMBio também não foi consultado. Se fôssemos, não deixaríamos, porque é uma intervenção que não faz sentido. Não sei exatamente do que se trata, mas posso adiantar que é no mínimo uma poluição visual”, diz Vieira.